segunda-feira, 28 de julho de 2008

Paixão, comprometimento e desilusão

[O texto é dedicado a um grande amigo; Dan!]


Eu não sei qual será a repercussão que este texto terá, mas é altamente diversificada todas as suas fases mencionadas. São juntas que estas três palavras podem num ato imperceptível determinar alguns caminhos da nossa vida. Afinal, tudo o que se faz exige uma posição de cada um. As quais têm que saber o que é o certou ou errado, se bem que não existe isso, e sim, o que é melhor pra você! Nada de clichê’s, o assunto é sério.

Quando a gente se apaixona (por quem ou pelo quê, tanto faz), é como uma queima de arquivos. Parece que tudo se desloca e vai para esferas fora do alcance da realidade. Absorve o nosso eu, em todos os sentidos. Invade a alma, o coração, a mente, o corpo, o espírito, o emocional e, o que mais vier em destaque na situação. Te permite descobrir sensações que insistem em ser quebradas ou evitadas, mas é mais forte do que se prevê. E dependendo de como for, te tira do controle. Domina-te. Arrasta-te da razão. Devaneios ganham vida e ficamos absoltas (os) a ela.

“Faz bem” para a alma ter algo que nos tire do chão. Que de alguma forma, você sente coisas boas, mas a incerteza ficando gritando por dentro. Insiste em querer fazer-se ouvida. Não quer que nos entreguemos de tal forma que inconscientemente gostaríamos. Razão? Talvez. Creio que seja um medo bloqueado que não consegue se soltar e dar vida a algo que nos faria mais feliz. Felicidade? Nem todos pensariam assim. Os resultados são estrondosamente surpreendentes.

No fundo não queremos deixar que isso passe. Queremos que esse sentimento historicamente indefinido, nos mostre os lados a quais seriam interessantes descobrir. Remete-nos a sérios riscos. O que escondemos por trás de intenções nada reveladas nem sempre proporciona o desejado. Explode uma incessante mistura de sentimentos, provocando-nos aquela fase da distração onde nada nos tira do percurso e ainda mantêm o que de fato se quer afastar, mas não dá. Coisas que nem sempre se explica.

Por aí, começam-se as alarmantes faíscas de volta ao mundo do que se têm como verdade. A árdua discussão travada entre razões e emoções. Sabe bem? Pois então. É onde você começa a perceber que certas coisas não se podem arriscar porque o que vier, por conseguinte, talvez não dê pra suportar. Realidade. Pés no chão. Perca de entusiasmo. Tristeza a meros passos. Tudo num exato momento. Às vezes acho que é piada, mas noutras, alguma mensagem está querendo ser transmitida e não se consegue decifrá-la.

Porém, quando você começa a perceber as reais rédeas da situação na qual se encontra, uma avalanche de pensamentos se mistura pela mente. Até concatená-las e estar ciente do que se passa a sua volta, é um processo lento e que exige tempo. Não é fácil. O estado emocional precisa respirar e revigorar aquela paz que nada nem ninguém podem lhe tomar.

Comprometimento. Palavra-chave. É o que estabelecemos quando queremos firmar um propósito que condize àquilo a que nos faria tão feliz se fosse conforme o sonhado. Pena que isso possa trazer tantas decepções numa só cartada. E não é difícil encontrar respostas para quando isso acontece. É simples, pode ter certeza. Digo isto porque, com a mesma força que sentimentos avassaladores se instalam por dentro, pode com a mesma absurda facilidade desmanchá-lo e, ainda, deixar-nos a mercê de frustrações.

Comprometimento quando feito num momento que se está no ápice do que crê, interage simultaneamente com outros fatores. Segurança. Certeza. Sentimento correspondido. Expectativa consumada. Revira muita coisa dentro da gente. São coisas que em hipóteses alguma alguém se deve brincar. Não se sabe o que vem por diante e aconselho a não arriscar. Mas quem quer saber? Impulsos também estão por toda parte e nos faz agir por vezes irracionalmente. Puro erro. (ou não. Quem vai dizer?)

E quando o que acreditamos estar conosco (leia-se sentimento abstrato) o tempo inteiro, simplesmente, se desmorona no ar? Onde fica a sua segurança? Seus medos? Como consertar aquilo que antes era como um alicerce? Onde aderir energias para superar? Como acreditar que tudo se virou de forma inesperada a você? E a consciência plena do que se faz/fez? Pra onde correr? Em quem se apoiar e ter um ombro amigo? Quem dirá as palavras certas e que acalme o coração aflito? Indagações que ecoam pela mente sem respostas, por ora...

Desilusão. Tapa na cara da própria vida. E a incansável cobrança interna de reativar suas forças para que não se encontre outrora sem chão. O insulto da própria consciência quase o enlouquecendo no momento inapropriado, mas talvez, no que deva ser. Isso mata toda e qualquer expectativa. Destrói por dentro como uma flechada bem mirada. Mas é aí, que é preciso manter o pé no chão. Dar a volta por cima, como se diz. Dar um basta e prosseguir com mais vivacidade. Experiência que pode frustrar sim, mas servir de aprendizado redobrado. (In)felizmente.

Às vezes, tudo que queremos é sumir, fugir dos problemas. Algum lugar que nada perturbe a nossa tranqüilidade. A espera que algo se resolva por si só. Ilusão não precisa. Não adianta fugir, sempre terá que resolver o que esta pendente. É fato! E uma das mais poderosas armas para isso é manter-se positivo e ter seriedade. Acreditar que tudo vai se resolver, não importa o tempo que leve, mas sim as soluções que encontrará e onde. Estar consciente do que está fazendo e não agir sem pensar num ato de loucura. Isso não ajuda em nada, e em instantes, lhe prejudicará, intencionalmente ou não.

~ Que fique bem claro que tudo ao que me refiro a este tema também está válido para outras questões. Quando se está passando por algum problema ou numa fase muito, mas muito difícil mesmo. Referi-me a paixão em contrapartida, mas tudo tem exatamente o mesmo significado mediante a qualquer outro tipo de situação nestas mesmas condições. Não se esqueçam! ~

Por fim, algo que é impossível não dizer: como esquecer algo que fica por dentro sem chave para trancá-lo? Me pergunto muitas vezes, mas acho que tenho algo que me alivia e me ajuda a não sofrer. Tentar não pensar sobre isso! Temos a errônea e detestável mania de buscar pela memória momentos que bons ou não, tendem a nos trazer sentimentos contraditórios ao que realmente esperamos sentir. Não sei, parece um imã...

Atrai e não se solta. Fica martelando dentro da mente tudo aquilo que se quer esquecer. Quanto mais a relutância para afastá-las, mas cria forças que não deixam escapatórias. É isso que não faz bem. Quanto mais você lembra e relembra, mesmo que involuntariamente, isso fica preso por dentro e não dá sossego. Não é proposital, mas é muito mais forte do que a vontade de esquecer. Vem e num estalo, nos envolve e os pensamentos viajam sem hora pra voltar e quando bem entender.

Portanto, esquecer de fato, nunca esquecemos, pois; é um passado [seja ele qual for] que não há como apagar. Mas se pudermos e conseguirmos amenizar sua freqüência em aparecer e de súbito tirar-nos de órbita, muita coisa seria revertida para uma vida mais tranqüila. A melhor opção, é trabalhar isto. Não ignorar de forma alguma. Lembranças são ótimas, mas quando seguidas de uma história que por algum motivo não proporciona recordações alegres e que não faça o coração pulsar de entusiasmo, é preferível empurrá-las para o fundo do baú. Trancafear a 7 chaves, multiplicadas por 14 e sem chance de voltar a perturbar momentos que não precisam ser interrompidos por meras imagens que não valem a pena.

Se é possível conseguir? Boa pergunta... Estou na descoberta, mesmo sabendo a solução. Afinal, quem foi que disse que a mente humana pode ser totalmente controlada? Reflexões a vista.

2 comentários:

Gabi disse...

Sinceramente...Eu já quebrei minha cara demais em busca das borboletas no estômago. Hoje em dia vivo os momentos de euforia ao lado de alguém intensamente. Se durar somente o instante de um beijo... Valeu! Se durar meses... Que ótimo!
Todas as relações (até as não amorosas) são mais bem aproveitadas quando vividas intensamente sem pensar no futuro de tal...

Bjos!

Anônimo disse...

Que texto Fantástico!

Não há nem o que "comentar". Sem palavras. Traduz tudo aquilo que senti quando pedi a você que escrevesse algo para mim, e desta forma você conseguiu ressaltar a importância que cada um de nós devemos ter com nós mesmos, nos valorizar como se nada fosse mais importante para o nosso mundo sabendo que o amor-próprio que sentirmos seria o único verdadeiro, aquele do qual você pode ter certeza que jamais irá se arrepender e que no fundo tem a plena certeza da veracidade daquele sentimento.

Mais vale ser feliz por completo sozinho, do que meias felicidades incertas por outrém. "No final, iremos encontrar não quem estávamos procurando, mas quem estava esperando por nós."